A Cidade de Belém passou o último final de semana atônita frente a tragédia do desabamento do edifício em obras Real Class, um empreendimento da Real Engenharia. Frente a esse desastre, além de lamentar a vida das vítimas, e todo o transtorno causado as famílias atingidas, tenho que lamentar ainda pela engenharia paraense.
No decorrer do curso de Engenharia Civil da UFPA grandes professores, que não se preocupavam apenas em transmitir técnicas, mas também experiências profissionais, sempre citavam o desabamento do Edifício Raimundo Farias, na Av. Doca de Souza Franco (1987), como um evento que que marcou negativamente a engenharia paraense. O Brasil passou a ver os engenheiros paraenses com certo preconceito, situação que perdurou por muitos anos, e hoje vemos a reprise deste filme.
Contudo, acredito que seja de fundamental importância não julgar antecipadamente os envolvidos, os resultados periciais informarão as reais causas do acidente. Enquanto isso Engenheiros responsáveis pela estrutura, fundações, execução, fornecimento do concreto entre outros, estarão ansiosos por essas informações e sem dúvidas perderão muitas noites de sono.
Sabemos que o Pará não é o berço dos desabamento, conhecemos casos noticiados em todo o Brasil, mas porque? O mercado da construção civil é extremamente complexo, o grande número de fornecedores, o conhecimento aplicado de várias áreas, envolve uma infinidade de pessoas na concepção e execução de um empreendimento como o REAL CLASS.
A falha de um desses elos pode provocar um dano irreparável, será que temos gerentes de projetos capazes de coordenar esses empreendimento? Será que as universidades estão atentas para essa necessidade do mercado? Estamos qualificando a mão de obra para execução dos empreendimentos? O cronograma está sendo dimensionado por critérios técnicos ou somente mercadológicos?
Com base nesses questionamentos faço aqui uma pergunta e um apelo as autoridades, empresas e nós profissionais, estamos preparados para evitar casos como os desabamentos do Ed. Raimundo Farias (1987), do prédio de 4 andares na Tv. Breves n. 48 (2006), da varanda do edifício Antares no Umarizal (julho/2010) e por fim do edificio Real Class?
Chega de lamentar vamos agir!