domingo, 30 de janeiro de 2011

Acidentes da Engenharia em Belém



A Cidade de Belém passou o último final de semana atônita frente a tragédia do desabamento do edifício em obras Real Class, um empreendimento da Real Engenharia. Frente a esse desastre, além de lamentar a vida das vítimas, e todo o transtorno causado as famílias atingidas, tenho que lamentar ainda pela engenharia paraense.
No decorrer do curso de Engenharia Civil da UFPA grandes professores, que não se preocupavam apenas em transmitir técnicas, mas também experiências profissionais, sempre citavam o desabamento do Edifício Raimundo Farias, na Av. Doca de Souza Franco (1987), como um evento que que marcou negativamente a engenharia paraense. O Brasil passou a ver os engenheiros paraenses com certo preconceito, situação que perdurou por muitos anos, e hoje vemos a reprise deste filme.
Contudo, acredito que seja de fundamental importância não julgar antecipadamente os envolvidos, os resultados periciais informarão as reais causas do acidente. Enquanto isso Engenheiros responsáveis pela estrutura, fundações, execução, fornecimento do concreto entre outros, estarão ansiosos por essas informações e sem dúvidas perderão muitas noites de sono.
Sabemos que o Pará não é o berço dos desabamento, conhecemos casos noticiados em todo o Brasil, mas porque? O mercado da construção civil é extremamente complexo, o grande número de fornecedores, o conhecimento aplicado de várias áreas, envolve uma infinidade de pessoas na concepção e execução de um empreendimento como o REAL CLASS.
A falha de um desses elos pode provocar um dano irreparável, será que temos gerentes de projetos capazes de coordenar esses empreendimento? Será que as universidades estão atentas para essa necessidade do mercado? Estamos qualificando a mão de obra para execução dos empreendimentos? O cronograma está sendo dimensionado por critérios técnicos ou somente mercadológicos?
Com base nesses questionamentos faço aqui uma pergunta e um apelo as autoridades, empresas e nós profissionais, estamos preparados para evitar casos como os desabamentos do Ed. Raimundo Farias (1987), do prédio de 4 andares na Tv. Breves n. 48 (2006), da varanda do edifício Antares no Umarizal (julho/2010) e por fim do edificio Real Class?
Chega de lamentar vamos agir!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Ação Contra Enchentes

Uma solução de engenharia para o problema das enchentes seria uma revisão geral com maior seriedade do planejamento urbano das cidades, mas antes dessas ações nós, meros humanos, podemos tomar alguma iniciativas não convencionais em nossas obras.
Os termos chaves são permeabilidade e velocidade das águas. Naturalmente o solo não é pavimentado, as raízes da vegetação promovem uma melhor aderência do solo, evitando desmoronamentos, parte da água das chuvas penetra no solo e outra parte mantém seu curso em velocidade suficiente para não sobrepor a capacidade de captação do leito natural.
Vem então o homem e desmata as encostas, reduzindo a aderência da camada superficial do solo, podendo provocar assim desabamentos dessas áreas; pavimenta o solo, reduzindo assim a permeabilidade fazendo com que haja uma maior vazão dos para o leito natural; depois canaliza os leitos naturais, fazendo com que a velocidade das águas seja maior, aumentando assim a vazão para os rios; que por sua vez sofreram o desmatamento de sua vegetação ciliar, que provocou a erosão das encostas e assoreamento dos rios, reduzindo assim sua capacidade.
Então o que temos a fazer? Simples, qualquer coisa para retardar a velocidade e volume das águas. Aqui podem se enquadram as obras de grande vulto como bacias de retenção ou túneis reservatórios, ou pequenas ações que veremos abaixo.


Piscinão TPI-4, Parque Pinheiros Taboão da Serra - SP

Túnel Reservatório da Bacia do Rio Kandagawa, Tóquio

Mas todo mundo pode contribuir com pequenas ações.
Faça um telhado verde:


O telhado verde aumenta o tempo de retenção da água podendo até mesmo ser reservada para uso no vaso sanitário ou torneira do jardim.
Ou simplesmente crie um jardim ou deixe a sua calçada mais verde.


Consulte também:

Paisagem e Ambiente

Texto Publicado na PINIWEB

CANHOLI, ALUÍSIO PARDO, Drenagem Urbana e Controle de Enchentes – São Paulo: Oficina de Textos, 2005.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ano novo, problemas velhos!

Adoraria começar o primeiro texto de 2010 com um assunto motivador, animador, enfim uma boa notícia. Porém nos últimos dias fui bombardeado por notícias desastrosas, é tristemente surpreendente a dimensão da devastação acionada pelos temporais na região Sudeste, e atentem para o termo “devastação acionada”.
É comum ouvirmos ou lermos, em vários meios de comunicação e em conversas ocasionais na rua que a tragédia foi causada pelas chuvas, concordo que o alto índice de precipitação pluviométrica é causador de vários transtornos, para o modo de vida urbano, contudo a verdadeira causa dos vários danos a patrimônios e a vida (aqui incluso 510 mortos até o dia 14 de janeiro) são causados na verdade pela falta de infra-estrutura e a ocupação desordenada do solo.
O crescimento urbano desordenado, o desmatamento das encostas para plantação de pastos, a impermeabilização excessiva nos grandes centros urbanos são alguns dos exemplos de ações que tem ligação direta com retenção das águas de deslizamento de camadas de solos sedimentares sobre as rochas.
Desta forma, o poder público tem o papel fundamental de proporcionar a população infra-estrutura de saneamento que permita o escoamento das águas pluviais, controlar a ocupação de áreas de encostas, controlar o desmatamento das áreas de encosta e dada as ações “populistas inconseqüentes” de governos passados, que não impediram a ocupação dessas áreas por ser uma ação impopular, o poder público deveria ainda desocupar essas áreas de risco.
O governo federal por sua vez, alega que foram disponibilizados 11 bilhões em recursos para prevenção de enchentes, mas esse dinheiro não foi utilizado por ausência de projetos ou falha nos mesmo por parte das prefeituras, isto é, o poder público não possui técnicos capacitados ou em número suficiente para realizar as ações necessárias. Vejam que as ações necessárias não perpassam somente por realização de obras de saneamento, mas também por habitação, infra-estrutura de transporte, regulamentação fundiária, fiscalização ambiental.
Contudo, para realização dessas ações todas as esferas do poder público tem que estar tecnicamente preparadas. O que infelizmente não vemos na atualidade devido à uma política de desvalorização das profissões tecnológicas que perdura por cerca de 30 anos, segundo cita o presidente do CONFEA Eng.º Civil Marcos Túlio de Melo em nota publicada no site CONFEA.
Mas não me cabe usar uma tragédia como a ocorrida na região sudeste para promover uma categoria profissional ou lamentar o descaso como é tratado o planejamento urbano no Brasil, nem mesmo lamentar importância dada à questões político partidárias em detrimento de decisões técnicas. Resta-me apresentar essa reportagem exibida do jornal Bom Dia Brasil de 14/01/2011, e pedir ao nosso poder público, em todas as suas esferas, que se coloque na posição desta pessoa ou de seus familiares.

Reportagem exibida no Bom Dia Brasil no dia 14 de janeiro de 2011. Clique aqui para assistir.

Outras ocorrências de fatos como esse, porém não tão desastrosos:

Coletânea de outras reportagens exibidas na rede globo. Clique aqui para assistir.