segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ano novo, problemas velhos!

Adoraria começar o primeiro texto de 2010 com um assunto motivador, animador, enfim uma boa notícia. Porém nos últimos dias fui bombardeado por notícias desastrosas, é tristemente surpreendente a dimensão da devastação acionada pelos temporais na região Sudeste, e atentem para o termo “devastação acionada”.
É comum ouvirmos ou lermos, em vários meios de comunicação e em conversas ocasionais na rua que a tragédia foi causada pelas chuvas, concordo que o alto índice de precipitação pluviométrica é causador de vários transtornos, para o modo de vida urbano, contudo a verdadeira causa dos vários danos a patrimônios e a vida (aqui incluso 510 mortos até o dia 14 de janeiro) são causados na verdade pela falta de infra-estrutura e a ocupação desordenada do solo.
O crescimento urbano desordenado, o desmatamento das encostas para plantação de pastos, a impermeabilização excessiva nos grandes centros urbanos são alguns dos exemplos de ações que tem ligação direta com retenção das águas de deslizamento de camadas de solos sedimentares sobre as rochas.
Desta forma, o poder público tem o papel fundamental de proporcionar a população infra-estrutura de saneamento que permita o escoamento das águas pluviais, controlar a ocupação de áreas de encostas, controlar o desmatamento das áreas de encosta e dada as ações “populistas inconseqüentes” de governos passados, que não impediram a ocupação dessas áreas por ser uma ação impopular, o poder público deveria ainda desocupar essas áreas de risco.
O governo federal por sua vez, alega que foram disponibilizados 11 bilhões em recursos para prevenção de enchentes, mas esse dinheiro não foi utilizado por ausência de projetos ou falha nos mesmo por parte das prefeituras, isto é, o poder público não possui técnicos capacitados ou em número suficiente para realizar as ações necessárias. Vejam que as ações necessárias não perpassam somente por realização de obras de saneamento, mas também por habitação, infra-estrutura de transporte, regulamentação fundiária, fiscalização ambiental.
Contudo, para realização dessas ações todas as esferas do poder público tem que estar tecnicamente preparadas. O que infelizmente não vemos na atualidade devido à uma política de desvalorização das profissões tecnológicas que perdura por cerca de 30 anos, segundo cita o presidente do CONFEA Eng.º Civil Marcos Túlio de Melo em nota publicada no site CONFEA.
Mas não me cabe usar uma tragédia como a ocorrida na região sudeste para promover uma categoria profissional ou lamentar o descaso como é tratado o planejamento urbano no Brasil, nem mesmo lamentar importância dada à questões político partidárias em detrimento de decisões técnicas. Resta-me apresentar essa reportagem exibida do jornal Bom Dia Brasil de 14/01/2011, e pedir ao nosso poder público, em todas as suas esferas, que se coloque na posição desta pessoa ou de seus familiares.

Reportagem exibida no Bom Dia Brasil no dia 14 de janeiro de 2011. Clique aqui para assistir.

Outras ocorrências de fatos como esse, porém não tão desastrosos:

Coletânea de outras reportagens exibidas na rede globo. Clique aqui para assistir.

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